*Rui Rocha – Diretor-geral da CUMSA Portugal
Desde os primórdios da indústria de moldes foram muitas as soluções mecânicas que se desenvolveram para libertar negativos no plástico, com maior ou menor evolução sendo que, em muitos casos, os sistemas que temos atualmente diferem bastante dos inicialmente utilizados, seja pelo desenvolvimento de novos materiais e tecnologia, seja pela inovação em termos de transformação do aço ou mesmo pela produção aditiva.
Há, no entanto, um sistema que que resistiu estoicamente a passagem do tempo, mantendo-se praticamente inalterado desde o início, o elemento móvel (externo).
Peça robusta com um centramento de precisão, o funcionamento deste sistema baseia-se num movimento mecânico à linha de junta, com o bloqueio no processo de fecho do molde. O seu curso é determinado pela guia inclinada que, em função do seu comprimento, determina o curso pretendido ao elemento móvel que, por sua vez, está em contato com a peça a moldar.
É uma fórmula comprovada com resultados sólidos, mas não é isenta de dificuldades e limitações. As guias inclinadas são sujeitas a grandes esforços e são uma dor de cabeça quando são necessários cursos longos, por outro lado, como resultado de um guiamento robusto e preciso, a sua dimensão, maquinação de alojamentos e tempo necessário para afinação são condicionantes que influenciam fortemente o custo final deste sistema, obrigando por vezes a aumentar a dimensão do molde e incontáveis viagens à retificadora.
Mas…. Terá mesmo de ser assim? Pensamos que não!
Sendo um dos sistemas mais amplamente utilizados, o interesse na sua normalização é evidente, mas o desafio de tocar no “intocável” é enorme.
Só faz sentido avançar para uma solução se realmente adicionarmos algo de diferente ao que existe, convencional ou normalizado, com ganhos efetivos. Após algumas tentativas, pensamos que a fórmula foi conseguida.
Será realmente necessário um guiamento de precisão de todo o sistema se apenas queremos garantir um encaixe perfeito da zona de contato com o material a moldar? Apos vários testes, chegámos a conclusão que não!
Através de um postiço moldante flutuante, tanto na vertical como na horizontal, e com um simples cone de ajuste lateral conseguimos o efeito desejado sem a necessidade de um guiamento robusto e dispendioso já que permitimos que o postiço se “autocentre”. Tal como damos folga a um extrator na zona da cabeça para que procure o seu centro e trabalhe 100% alinhado com o furo mandrilado, aqui conseguimos o mesmo efeito. Com esta nova realidade, permitimos um ajuste fácil já “de máquina”, com intervenção manual mínima, e dispensamos todo o espaço extra ocupado pelo guiamento eliminando corrediças, parafusos e cavilhas. Para alem de simplificar o ajuste, o espaço libertado permite a utilização de vários elementos móveis “colados” uns aos outros já que todo o elemento móvel ocupa apenas o espaço da própria frente moldante.
Tendo em conta as novas realidades e exigências do mercado a nível de “clean room” utilizamos uma base de deslize em turcite de adesão magnética que dispensa qualquer tipo de lubrificação e dá garantias de longevidade em termos de desgaste.
Como ganho adicional, temos um alojamento para todo o sistema com folga a toda a volta, fácil e rápido de executar e que requere apenas precisão na área de contato com o material a moldar. Desta forma, o alojamento pode ser maquinado de forma rápida e sem grande detalhe o que significa uma redução de tempo que pode chegar aos 30%.
Apos vários testes realizados com materiais e temperaturas, o conceito funciona perfeitamente e é “desconcertante” testemunhar a facilidade e rapidez com que se monta e desmonta todo o elemento móvel, tanto durante o processo de afinação em bancada, como na própria máquina de injeção com o molde em produção.
Contas feitas, com as reduções em termos de execução de alojamento, montagem /afinação e, finalmente, o custo deste elemento móvel, poderá significar uma redução de 50% por unidade.
Na nossa empresa acreditamos que não há apenas um caminho para atingir um objetivo. Há que fazer uso de novas tecnologias e ter a coragem de experimentar coisa diferentes mesmo que, à primeira vista, pareçam ilógicas ou entrem em conflito com o que tomamos por certo dentro da nossa indústria.
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